Nota de Autor

 

  

Um país que quer viver de turismo e não repara nos pequenos nichos de turismo, nas pequenas ideias e projectos turísticos, que não entende que o desenvolvimento turístico não é somente à custa de resorts integrados, mas através de uma lógica que  pode e tem o dever de ser diferente. Cada vez mais, desenvolve-se uma ideia nacional que não somos competitivos em sectores que seriam necessários para desenvolver um  país com pretensão a ser médio-grande no contexto europeu.  No entanto nos últimos 20-30 anos o turismo tem sido apontado como a "galinha dos ovos d´ouro" portuguesa. Clima, património cultural e natural são recursos que não se compram nem se podem desenvolver, mas são a melhor matéria prima para a industria turística.

A par desta características nacionais, outra ideia surge qual salvadora do ego nacional:  Haverá alguém em Portugal que discorde que este país tem muitas "hipóteses para o turismo". Editores de jornais certificam que " o turismo é a única matéria-prima que existe em quantidade em Portugal" , o indivíduo comum espera e desespera pelo tesouro nacional se revele, exemplo disso, como outro dia dizia-me um  indivíduo "este país devia virar-se para os eventos, porque chama gente para cá" "tenho visão para isto, não tenho?".

Será que a Alma mater criou Portugal unicamente  para ser ao mesmo tempo cauda da Europa e destino turístico de futuro? E o presente? 

Cada vez mais, passa-se uma ideia nacional que não somos competitivos em sectores que seriam necessários para desenvolver um  país com pretensão a ser médio-grande no contexto europeu. Nos últimos 20 anos o turismo tem sido apontado como a "galinha dos ovos d´ouro" portuguesa. Por outro lado, pouco ou nada se fala que Portugal é altamente competitivo em economias de nichos e em prestação de serviços de elevada qualidade. Como ? Bastante simples - O mercado de massas é apoiado pela elevada agressividade da economia de escala. Este mercado não distingue (ocasionalmente fa-lo de forma bastante simplista) segmentos de clientes, propostas de valor, canais de distribuição, na verdade os clientes possúem genéricamente as mesmas necessidades e os mesmos problemas. O Produto Sol & Mar é o perfeito exemplo deste tipo de massificação.

 

No entanto os lobís impõe a continuidade nos grandes investimentos, calculados como sempre em retornos exponencialmente atractivos, pelo menos à escala da industria turística nacional. Não há necessidade de investimento na inovação e criátividade, o conhecimento destes mercados há muito que está feito, o retorno é garantido.     A par desta características nacionais, outra ideia surge qual salvadora do ego nacional:  Haverá alguém em Portugal que discorde que este país tem muitas "hipóteses para o turismo". Editores de jornais certificam que " o turismo é a única matéria-prima que existe em quantidade em Portugal" , o indivíduo comum espera e desespera pelo tesouro nacional se revele, exemplo disso, como outro dia dizia-me um  indivíduo "este país devia virar-se para os eventos, porque chama gente para cá" "tenho visão para isto, não tenho?". Será que a Alma mater criou Portugal unicamente  para ser ao mesmo tempo cauda da Europa e destino turístico de futuro? E o presente? 

 

Parece claro para quem acompanha a actividade turística, que novos turismos iram continuar a surgir, porque a sociedade é dinâmica e necessita constantemente de criar e redescobrir. Será necessário que se encontre consensos, se criem objectivos estruturais e não apenas estratégias de 4 anos, e que no final, ficam irremediavelmente na história por terem sido bandeira políticas de algo ou alguém. Estratégias que devem ser repensadas sempre que as circunstâncias assim o exijam (a CRISE ACTUAL não era a altura ideal para rever o PENT quando se está a rever e replanear praticamente tudo o que foi pensado a 3, 4 anos atrás?). O modelo de desenvolvimento turístico português tem apostado num modelo de adaptação do território à actividade. Sempre que surge um PIN-Projecto de Interesse Nacional, altera-se "A La Carte" a própria organização do espaço territórial, como a Rede Ecológica Nacional-REN, a Reserva Agrícola Nacional-RAN no entanto, parece óbvio que o que sería sustentável seria a adaptação da actividade turística ao território.

E o que podemos fazer pelo interior de Portugal empobrecido? Pelas zonas rurais despovoadas ?

 

Conscientes que a sobrevalorização do território poderá ser um erro grave, é contudo impossível não reparar na incapacidade de aproveitar o território nacional, quando esse território é reconhecido internacionalmente. Falamos por exemplo que Portugal possui a única praia "Reserva Mundial do Surf" na Europa e a 2ª no Mundo. Falamos que Portugal possui uma das melhores raças de cavalos de sela do mundo, para actividades de lazer e competição.  Falamos que Portugal  possuir o maior número de Monumentos Classificados pela UNESCO por Km2 de território (por exemplo superior à Espanha). Uma dos Spots para geocachers mais visitados do mundo.,

O Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), documento de demasiadas páginas, com demasiados gráficos, bastante inspirado no documento estratégico para o turismo espanhol,  tinha e tem como objectivo catapultar Portugal para o Top 10 dos destinos mundiais no horizonte 2006 - 2015.   Faltam 4 anos.


 

 

 

Romeu Paiva

Nichos Turísticos 2010