Turismo Naturista

06-06-2010 00:00

 

TURISMO NATURISTA

Nichos subdesenvolvidos em Portugal

 

(Apresentação realizada em 05-06-2010 no Auditório Municipal de Vila do Bispo.)

Boa tarde a todos. Agradeço desde já o convite do Clube Naturista do Algarve para este primeiro fórum sobre naturismo.

Mas para mim o que mais me surpreende, é o total desconhecimento de Turismo Naturista por parte de quem trabalha nesta indústria do turismo.

Para um País que vê o turismo como a chave para abrir todas as portas, como é possível que em dezenas de universidades com cursos de turismo por todo o país, algumas delas, universidades especializadas unicamente em turismo, não se debater este nicho. E acrescento: Apostava que hoje é a primeira vez que se fala em Turismo-Naturista numa conferência como esta em Portugal.

Desde que em 2006 surgiu o PENT e se focou a aponta em 10 produtos estratégicos, parece-me que a comunidade turística não consegue ver mais além. Na minha humilde opinião é preocupante.

Nos últimos anos tenho seguido o Turismo Naturista em Portugal. Quando ouvi falar pela 1ª vez desta conjugação de vontades entre turismo e naturismo, pensei… “Bem, hoje em dia há oportunidades de negócio para tudo”. Admito hoje que a minha ignorância na altura éra tremenda. Pensei eu que já lá vão 6 anos, que o turismo naturista era um novo movimento europeu e que já havia uns “Chico-espertos” a fazer negócio com isto.

Pois bem, mas não é nada disso realmente. O Turismo Naturista, existe a mais tempo que muitos dos novos nichos turísticos que hoje se conhecem. Em França, o TN é há décadas um negócio de milhares ou milhões de Euros, em vários locais da Europa está-se a apostar muito forte na oferta para naturistas.

Portugal será sempre um país que fascina, porém nem sempre pelos melhores motivos, reparem, depois de aprovada recentemente a lei sobre casamentos de pessoas do mesmo sexo, reconhecidos turismólogos dedicaram-se logo de imediato ao estudo do segmento de turismo Gay. No entanto, o naturismo é uma prática perfeitamente enquadrada na lei desde 1975, mais, desde 1994 existe legislação para criação de espaços de naturismo (leia-se alojamentos, piscinas, spas, etc)

Eu, pessoalmente, acho que poderia ser também em Portugal um grande negócio, mas não é, porque, ao contrário de uma ideia concebida que diz que o português é esperto e desenrrascado para o negócio, eu acho que é realmente pouco esperto.

Em 2007 quando se criou o último plano estratégico para o Turismo, definiu-se a indústria turística como o sector “chave” “prioritário” “o futuro motor da economia portuguesa”. O que eu não me lembro de ler, é que o Turismo é uma actividade muito difícil de prever. Cada vez mais será difícil prever as tendências do turismo. O QUE HOJE É REALIDADE, DAQUI A 5 OU 10 ANOS JÁ NÃO É. Há cada vez mais pessoas que querem fazer férias diferentes e experimentar situações diferentes, mesmo que sejam consideradas perigosas, ou extravagantes, ou mesmo socialmente não tão bem aceites. -Os safaris há décadas que são realizados (e para muitas pessoas não é bem aceite)

-O turismo de Aventura, em muitos casos de risco físico.

Enquanto destino, o que deveremos fazer é perceber se o nosso destino tem condições e potencial para concorrer neste novo mercado. Mas se assim for, será necessário mudar algumas ideias já estabelecidas sobre que turismo que queremos. Não há duvidas que é arriscado, mas existe potencial, caso contrário não estaríamos aqui hoje a falar de turismo naturista.

Para que se perceba, vamos fazer rapidamente um enquadramento da actividade do Turismo em Portugal, por exemplo em 2008.

Do relatório PANORAMA ON TOURISM da EUROSTAT (portanto um organismo independente) de 2008, quando a crise ainda parecia vir muito longe para alguns países Europeus, o relatório, divulgou que os turistas internacionais são responsáveis por 59% do total de noites em Portugal, 88% provenientes da UE a 25.

Outra curiosidade do relatório é que Portugal recebeu 3% do total de dormidas internacionais ( U.E. -27). Por outro lado a percentagem no total da receita foi de 2,5%, ou seja, a margem de lucro do turismo receptivo é inferior ao volume de turismo receptivo. Daqui podemos rapidamente depreender que não estamos a utilizar o máximo do potencial do país.

Respostas para o problema dos turistas gastarem menos em Portugal existem várias, nomeadamente: Que para o “Turismo de Sol e Mar” possuimos uma costa que só pode ser aproveitada a 50%, porque estão excessivamente a Norte ou as temperaturas não o permitem; no “Turismo Cultural” não temos património de qualidade e em quantidade capazes de ombrear com a França, Espanha Itália etc; nos transportes porque não temos um ou mais aeroportos capazes de receber sem inrregno milhares e milhares de turistas. Eu também não sei as razões, mas parece-me que se tem apostado muito pouco na verdadeira diversificação de mercados/nichos para o turismo em Portugal.

Estamos nos últimos anos a apostar em nichos de turismo actualmente saturados, altamente competitivos, com clientes extremamente experientes, provavelmente já conhecedores do Portugal e certamente capazes de perceber onde e quando devem gastar em Portugal.

 

Apresento-vos estes indicadores como poderia apresentar outros, mas no fundo todos apontam para uma incapacidade de aproveitar todo o potencial do País. Um potencial que é de indole natural e cultural. E estes são os mais difíceis de ter.

Porque a grande interrogação é: Que turismo se quer para Portugal?

Poderiamo abordar o tema por outro prisma: O naturismo está também conectado com um certo radicalismo face à típica sociedade e típico turismo. Mas quantos tipos de turismo não são eles também carregados de radicalismo, o turismo aventura e todas as suas variantes, o turismo cinegético e as touradas são extremamente rádicais nos países do norte da Europa.

O Naturismo, forma de terapia secular, enquanto estilo de vida é o resultado de um gradual desenvolvimento da qualidade de vida das populações que por sua vez permitiu um aumento do nível cultural, este factor possibilitou uma maior sensibilização para questões de natureza social, comunitária e ambiental entre outras. Presentemente é um nicho de mercado que gera receitas anuais na ordem dos 285 milhões de Euros (400 milhões de dólares), os principais mercados emissores são países do norte da Europa e da América do Norte, estes turistas procuram clima favorável e condições para a prática. Desde a década de 70 que tem crescido gradualmente e hoje é um segmento consolidado em vários países. Portugal apesar de ser um dos países com mais potencial para aproveitar este mercado a actividade turística naturista é praticamente inexistente.

O turismo é uma actividade turística complexa. Congrega um conjunto alargado de actividades e produtos de diversas naturezas. Concentramo-nos para já em perceber que tipo de turismo é este e como se distingue dos demais, que características o tornam único, quem o pratica e onde se pratica, quantificar a demanda, por fim qualificar os mercados emissores e receptores.

Actualmente não existe praticamente dissemelhanças entre um turista naturista e um turista típico de outros nichos de mercado.

O Perfil:

Os hábitos do turista naturista variam segundo o destino, se o destino é um hotel, 90% dos turistas viajam de avião se o alojamento é camping ou apartamento, aproximadamente 75% vêem de carro e os restantes 25% vêem de avião alugando um carro no local de destino. No Inverno há uma quebra de 20% ocupação, mais ou menos 60% dos naturistas têm entre os 25 e os 35 anos. O nível de estudos de 70% dos naturistas é médio alto. Entende-se alto os licenciados e médio o bacharelato.

 

O Turismo Naturista é na verdade uma modalidade que para existir, recorre também a uma gama de atractivos culturas que são matéria-prima de outros tipos de turismo como exemplo o património cultural, património ambiental, clima, água.

Contudo as suas características originaram mudanças em vários aspectos. O turismo naturista é o resultado de mudanças no consumidor tais como mudanças de valores e estilos de vida, mas também de consumidores mais independentes. Nas condições estruturais nomeadamente, as pressões ambientais. Na produção não há duvidas que a inovação e a orientação para o consumidor são indispensáveis. Por fim na gestão através da segmentação do mercado e a definição de preços pela inovação... Quanto ao Turismo Internacional não parece haver limites para o Turismo Naturista, propagou-se por quase todos os tipos de alojamento e quando a terra parece pouco para os naturistas, eles partem para o mar em cruzeiros e outras actividades, os oceanos pareçem já não ser suficientes e recentemente teve inicio a aventura de voos naturistas.

No que refere a destinos e politicas de promoção, a Espanha pelo do órgão oficial de promoção do turismo espanhol, tem uma campanha internacional para promover o turismo naturista e as suas potencialidades em Espanha, o objectivo desta campanha é somente tirar a Espanha do ultimo lugar na lista de destinos naturistas. Outros destinos como a França depois de terem chegado a estagnação não caíram em declínio mas inovaram, para responder a uma procura mais exigente.

 Portugal não esta sequer na lista de destinos. Atribuir a responsabilidade de inexistência de turismo naturista em Portugal à periferia que o país esta sujeito não é a resposta certa, porque o turismo é talvez a única actividade em que a distancia do destino em relação ao mercado é factor de acréscimo de qualidade, e de “status” para o consumidor.

 

Romeu Paiva Oliveira, 2010

Tópico: Turismo Naturista

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